Cada caso é um caso. É uma frase que já todos ouvimos e em relação aos pacientes vítimas de um AVC, não podia ser mais literal. Um Acidente Vascular Cerebral pode traduzir-se em quadros muito variados, com a possibilidade de recuperação quase total, ou não.
Para uma avaliação aprofundada e cuidadosa, bem como a elaboração de um programa de reabilitação adequado, o paciente deve ser acompanhado por uma equipa multidisciplinar de profissionais de saúde que inclua médicos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, entre outros, consoante as necessidades reais do paciente em questão.
Sendo uma das principais causas de morte em todo o mundo e uma das patologias mais incapacitantes na realização das actividades do dia a dia, merece uma atenção especial e o empenho de todos na recuperação do doente. Assim, existem 3 estágios de tratamento a ter em conta.
1. Tratamento Preventivo
Trata-se da identificação e controle dos factores de risco e o acompanhamento regular de condições propícias ao surgimento do problema.
2. Tratamento do AVC agudo
Tratamento aplicado no momento da ocorrência, durante o qual se deve diferenciar o tipo de Acidente Vascular Cerebral em causa e então administrar os fármacos recomendados o mais rapidamente possível, em ambiente hospitalar, de modo a facilitar o ponto seguinte.
3.Tratamento de Reabilitação, pós-AVC
Neste ponto, trata-se de ajudar o paciente a superar os danos causados pela lesão, através de terapias medicamentosas, de fisioterapia que auxilia na recuperação de movimentos e outras adequadas à situação específica.
Para uma eficaz recuperação, deverá ser elaborado um programa de reabilitação que deverá ter em conta uma série de factores e as principais funções afectadas pelo problema. Os profissionais responsáveis por este processo, devem ter sempre em conta o processo natural de recuperação neurológia, que ocorre nos primeiros 3 a 6 meses e, sendo independente da acção terapêutica, depende muito da lesão inicial e de recuperação funcional, que se prolonga para além da neurológica e prende-se, em grande parte, com o ambiente e motivação do paciente na sua própria recuperação.
PROGRAMA DE REABILITAÇÃO DO AVC
1. Funções Superiores
Dura, muitas vezes, mais de um ano e é frequentemente incompleta.
A persistência de alterações de memória ou alterações visuo-perceptivas graves tem uma grave influência na recuperação. Deverá proceder-se a uma reeducação cognitiva e a família pode ajudar levando o doente à repetição de tarefas simples e concretas.
2. Comunicação
As afasias são comuns num paciente que sofreu um AVC e poderão ser recuperadas nos primeiros 3 meses. Quanto mais tempo demorar esta recuperação, maior a dificuldade na mesma.
A recuperação depende muito da localização e extensão da lesão inicial, sendo que a compreensão e denominação são as modalidades que apresentam um prognóstico mais positivo.
3.Visão
A perda (parcial ou completa) pode persistir e assim, prejudicar o processo de recuperação funcional.
4. Função sensitivo-motora
Através da reeducação neuromuscular e estimulação eléctrica funcional.
5. Membro Superior
A mão tem um papel fundamental na independência funcional, porém, é das funções mais difíceis e demoradas no processo de recuperação.
6. Membro Inferior
85% dos doentes conseguem uma marcha independente, durante os primeiros 3 a 6 meses após o Acidente Vascular Cerebral.
7. Aspecto psico-social
Cerca de 30 a 60% destes doentes apresentam um quadro depressivo significativo. Este quadro deve ser intervencionado o mais rapidamente possível, pois dificulta a reabilitação.
O papel da família, principalmente após a alta hospitalar, é fundamental para a manutenção da motivação e empenho do doente, aumentando a probabilidade de uma recuperação bem sucedida.
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