sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

8 Sinais Que Indicam Que O Seu Filho Pode Sofrer de Depressão

A depressão na infância nem sempre é fácil de detectar, mais do que tristeza, a criança deprimida apresenta, na maioria das vezes, agressividade. Assim, é extremamente importante ficarmos atentos às mudanças de comportamento na criança, especialmente se estas são demasiado súbitas. 

Aqui ficam alguns sinais aos quais devemos estar especialmente atentos.



1. Irritabilidade

Este é uma das principais queixas dos pais e cuidadores da criança deprimida e é talvez o primeiro sintoma do qual se dão conta. A criança deprimida começa a demonstrar uma conduta mais agressiva, recusa regras (as quais anteriormente eram plenamente aceites) e opõem-se à autoridade, desobedecendo e questionando com frequência as ordens dos adultos.


2. Tristeza

A tristeza nem sempre é verificada da forma mais tradicional, embora algumas crianças possam demonstrar choro fácil e grande sensibilidade. Na maioria dos casos, se estivermos atentos podemos verificar alguns sentimentos de desespero, angústia, pessimismo e falta de prazer em praticar actividades, até então, agradáveis para a criança.

Começam a surgir ideias relacionadas com tragédias e morte e algumas crianças podem mesmo demonstrar ideação suicída.


3. Dificuldade de concentração, memória e raciocínio

A par com a irritabilidade, este é também um dos primeiros sintomas a saltar à vista dos cuidadores da criança. A depressão interfere com o desenvolvimento das actividades cognitivas da criança, traduzindo-se por uma queda no desempenho escolar, que leva muitas vezes ao desenvolvimento de fobia escolar.


4. Alterações de Apetite e de Sono

Tal como nos adultos, estas alterações não são iguais para todas as crianças. A criança pode começar a comer muito ou a evitar alimentar-se, devendo os pais estar atentos a alterações de peso significativas, sejam elas em que direcção forem.

Da mesma forma, em relação ao sono, a criança pode demonstrar insónias ou excesso de sono, dormindo muitas horas e nunca estando totalmente descansada. É ainda muito frequente que o mesmo seja interrompido por pesadelos, começando a desenvolver-se na criança o medo de ir dormir, chorando assustada na hora de se deitar.


5. Enurese e Encoprese

A criança que anteriormente já controlava de forma apropriada os seus esfíncteres, pode regridir novamente, voltando na maioria das vezes, a urinar e defecar na cama.


6. Postura e Queixas Físicas

Muitos pais observam uma alteração na postura corporal da criança, que se traduz, maioritariamente, pelo tronco arqueado. A maioria das crianças apresenta inúmeras queixas físicas que são muitas vezes o motivador para a visita ao médico.

A criança deprimida pode apresentar queixas frequentes de dores (dores de cabeça, costas, pernas, cólicas intestinais…) e mostrar-se frequentemente cansada ou sem energia. Algumas crianças queixam-se também de tonturas e podemos observar uma alteração na actividade psicomotora, que pode acelerar levando a hiperactividade ou diminuir significativamente (hipoactividade).

Estas queixas físicas são facilmente compreensíveis, na medida em que é mais fácil, para a criança, explicar algo concreto, orgânico, como uma dor de barriga do que explicar um mal-estar emocional.


7. Isolamento Social

A criança começa a afastar-se das outras crianças, recusando brincadeiras e demonstrando dificuldade excessiva em afastar-se da mãe. Este isolamento é acompanhado de baixa auto-estima e sentimentos de inferioridade em relação aos outros. Muitas das crianças começam ainda a desenvolver condutas antissociais e destrutivas.


8. Comportamento Parassuicida

Devido à falta de maturidade para compreender a morte, a criança costuma apresentar comportamentos perigosos que não podem ser catalogados como suicidas (visto que não são realizados com essa intenção), sendo assim chamados de comportamentos parassuicidas. A criança deprimida sofre acidentes, que podem demonstrar-se bastante graves, com muita frequência porque ela não se protege nem se resguarda.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Depressão na Infância



A depressão, normalmente tida como uma doença de adultos, afecta actualmente cerca de 1 a 3% das nossas crianças, sendo esta percentagem igualmente distribuída por ambos os sexos. Assustadoramente, estima-se que este valor possa ser ainda mais elevado, tendo em conta que estamos a falar de um diagnóstico complicado e que poderá ser confundido com birras, mau humor ou agressividade.


Causas

Após a realização de vários estudos sobre esta matéria, ainda não se encontrou uma causa específica que justifique o surgimento do problema na infância, no entanto, foram definidos vários factores de risco associados ao mesmo.

A existência de quadros depressivos nos adultos significativos para a criança, bem como a vivência de uma situação traumática demonstraram  grande correlação com o surgimento da depressão na infância. Da mesma forma, quadros de pobreza e faltas económicas e sociais apresentam também alguma correlação com o problema.

Outro factor que tem sido largamente discutido é que a ausência de cuidados maternos pode levar a um quadro muito precoce de depressão. Esta ausência de cuidados dá-se, muitas vezes, devido a um quadro depressivo da mãe que parece estender-se à criança. 


Depressão e Rendimento Escolar

A depressão afecta as funções cognitivas da criança, nomeadamente, a sua capacidade de atenção, concentração e memória, o que, naturalmente, terá um impacto significativo no seu rendimento escolar. No entanto, é preciso não confundir o problema com dificuldades de aprendizagem, o que exige uma avaliação muito cuidadosa por parte dos profissionais responsáveis. 

Os dois diagnósticos podem ocorrer em simultâneo (a depressão afecta a capacidade de aprendizagem da criança, e uma criança com dificuldades de aprendizagem pode manifestar sintomas depressivos) e nesse caso, deve verificar-se qual o quadro principal e encaminhar a criança para um tratamento adequado. 


Evolução e Tratamento

O diagnóstico precoce e o apoio da família é fundamental para o tratamento da depressão em qualquer idade e a criança não é excepção. Perante uma criança deprimida, é importante ouvir as suas preocupações e receios, mesmo que não nos pareçam particularmente importantes, não nos podemos esquecer que o são para a criança.

O tratamento passa pela combinação entre dois factores, a psicoterapia e a medicação e deve envolver todas as pessoas significativas para a criança, incluindo a própria escola. No caso da medicação, cada caso deve ser avaliado com muito cuidado, pois os medicamentos podem ter um impacto muito grande na criança, não só fisicamente, como também psicologicamente, a criança pode sentir-se diminuída pela necessidade da medicação, pelo que deve ser cuidadosamente avaliado o benefício versus prejuízo da mesma em cada caso.

Muitos pais levantam questões relacionadas com o tempo de duração do tratamento. A depressão na criança é, tal como no adulto, uma doença complexa e para a qual é necessária especial atenção, assim os tempos de tratamento são longos e variam muito consoante a criança e o nível de gravidade da doença. A nível farmacológico fala-se de uma média de 6 meses de medicação, no que diz respeito à psicoterapia a variação é muito grande, devendo portanto ser avaliada caso a caso pelo profissional responsável. 

O que é realmente importante é nunca abandonar o tratamento antes de tempo, mesmo que os sintomas pareçam ter diminuído ou mesmo desaparecido. Tal como acontece no adulto, a possibilidade de recaída é uma realidade e esta poderá ser ainda mais grave do que a doença inicial. Pais e professores devem estar especialmente atentos a mudanças no comportamento das crianças, de modo a que, o diagnóstico possa ser feito o mais precocemente possível, facilitando assim, o tratamento.