sábado, 29 de agosto de 2015

ANSIEDADE E MEDICAÇÃO

Se sofre de ansiedade, é possível que o seu médico já lhe tenha sugerido tomar medicamentos como forma de o ajudar a ultrapassar o problema. No entanto, a medicação psiquiátrica gera muitas dúvidas e desconfianças, pelo que informar-se poderá ajudá-lo a encarar o tratamento de forma mais tranquila e segura e decidir de forma consciente se esta é a melhor opção para si.




Porquê medicação?

Quando nos receitam um medicamento, há a tendência natural de tentar compreender porque motivo precisamos dele. 
No caso dos ansiolíticos, o primeiro tratamento é, muitas vezes a psicoterapia, baseada no diálogo, no entanto, esta pode revelar-se insuficiente para a gravidade da situação. Assim, é necessário recorrer à medicação para um efeito mais imediato, de modo a que a ansiedade demasiado intensa, não se torne um entrave ainda maior ao relacionamento com os outros e à realização das suas actividades diárias.



De que forma é que este tipo de medicação actua?

O medicamento vai reduzir a sensação de ansiedade, provocando uma sensação de calma interior e bem-estar, induz ao relaxamento muscular e vai ainda facilitar o processo de sono, indispensável ao bom funcionamento do seu organismo.



E quanto aos efeitos secundários?

De uma maneira geral, a medicação é bem tolerada pelo organismo, tendo em conta que o seu médico irá prescrever o que mais se adequa ao seu caso, no entanto, é natural que, como em qualquer outro medicamento, surjam alguns efeitos secundários, como a sonolência ou a sensação de fadiga. 
Qualquer alteração que sinta deve ser imediatamente comunicada ao seu médico, de modo a que este possa rever ou adaptar a sua receita.
Não se esqueça ainda que alguns efeitos secundários, devem-se a interacções do medicamento com outros que esteja a tomar. Informe o médico sobre todos os medicamentos que está a tomar no momento e nunca misture um ansiolítico com o consumo de álcool.



E se acontecer novamente?

A prescrição médica deve ser seguida com todo o cuidado e não deve voltar a tomar um medicamento, apenas porque já o tomou anteriormente. Se o médico o aconselhou a parar e os sintomas voltaram, deve consultar-se com ele o mais depressa possível, ao invés de recorrer à auto-medicação. Só o profissional de saúde sabe se a medicação ainda está adequada, consoante o evoluir da sua condição.



Porque se ouvem tantas críticas a ansiolíticos?

Na sua grande maioria, as críticas devem-se ao facilitismo com que recorremos a este tipo de medicação hoje em dia. É uma forma rápida e eficaz de aliviar o sofrimento, sem grande esforço e muitas vezes, acabam por ser utilizados levianamente. 
Os ansiolíticos são passíveis de provocar dependência, levando o paciente a perder a sua autonomia de reacção e a sua capacidade de enfrentar a vida diária. Assim, é importante que respeite minuciosamente o tempo determinado pelo seu médico, recorrendo à medicação apenas numa situação grave e não como forma de evitar todo e qualquer mal-estar provocado pela vida quotidiana.



A maior parte das pessoas com ansiedade começa a sentir-se melhor e retoma as suas actividades normais ao fim de poucas semanas de tratamento, pelo que perante os primeiros sintomas deve recorrer o mais rapidamente possível ao aconselhamento médico.

Quanto mais cedo for detectado o problema, melhor. É ainda de referir os bons resultados obtidos através do tratamento combinado (psicoterapia e medicação).





terça-feira, 25 de agosto de 2015

4 SITUAÇÕES DE RISCO PARA PESSOAS ANSIOSAS

Ao longo da nossa vida é impossível evitar todos as situações potenciadoras de ansiedade e para uma pessoa que já tem problemas nesse campo, estas podem tornar-se verdadeiramente aterrorizantes.

De seguida, apresento 4 situações comuns e potencialmente geradoras de grandes níveis de ansiedade, bem como, a melhor maneira de lidar com cada uma delas.





1. Entrevista de Emprego

Uma entrevista de emprego, por muita confiança que tenhamos em nós mesmos, é sempre uma situação geradora de stress e ansiedade, várias questões surgem na nossa mente e a incerteza do que iremos encontrar torna-a debilitante para uma pessoa especialmente ansiosa.


O que devo fazer: Prepare-se para a entrevista com antecedência. Procure toda a informação disponível sobre a empresa e prepare as respostas às principais questões que imagine que lhe possam colocar. Pense bem nas exigências do novo emprego e nas suas capacidades e mantenha em mente a melhor forma de apresentá-las ao(à) entrevistador(a).

Chegue ao local combinado com alguma antecedência, atrasos geram ainda mais ansiedade. Quando estiver prestes a entrar na sala de entrevista, concentre-se na sua respiração, realizando-a de modo profundo e pausado. Enfrente a situação com um sorriso e não se esqueça de não exigir demasiado de si mesmo.




2. Problemas Financeiros

A antevisão de problemas do foro financeiro é especialmente stressante, dado os muitos encargos que a vida nos coloca nas costas. As notícias constantes sobre crise económica e medidas governamentais de austeridade colocam um peso ainda maior nos nossos ombros e muitas vezes, não sabemos como lidar com ele.


O que devo fazer: Quando sentir uma crise de ansiedade a chegar, páre e relaxe por uns segundos. Tome um banho morno e faça um pouco de meditação, que o ajuda a limpar a mente e clarificar as ideias. Lembre-se de que quanto mais calmo estiver, mais facilmente conseguirá gerir a situação e encontrar medidas criativas para ultrapassá-la.




3. Discussões Matrimoniais

As discussões e conflitos são sempre elevados geradores de ansiedade, principalmente, quando ocorrem com uma pessoa que tem grande importância para nós. No entanto, é de lembrar que são normais e fazem parte de qualquer relação e quanto mais stressado e ansioso se sentir, maior a probabilidade de nova discussão.


O que devo fazer: Concentre-se na sua própria respiração e ritmo cardíaco. Uma vez que o tenha feito, tente recordar bons momentos que passou ao lado da pessoa e os sentimentos que vivenciou na altura. Deixe-se invadir pelo sentimento de serenidade e prazer que eles lhe transmitem e em seguida tente conversar de forma mais calma e serena e agir de modo construtivo.




4. Despedimentos no Local de Trabalho

Com a dificuldade que sentimos em encontrar novos empregos, os anúncios de despedimento na nossa empresa são sempre um momento de grande nervosismo e ansiedade. É impossível não se colocar a questão: serei eu o próximo? No entanto, actualmente, esta é uma situação cada vez mais frequente e com a qual temos de lidar.


O que devo fazer: Em primeiro lugar, deve preparar-se psicologicamente para qualquer que seja o desfecho da situação. Pondere objectivamente a probabilidade de conservar ou não o seu emprego e em seguida reflita sobre o que pode fazer para melhorar essa probabilidade ou, pelo menos, minorar as consequências do despedimento.

Tenha sempre em conta que, mudar rotinas e refazer a sua vida, nem sempre é algo negativo e pode trazer-lhe algo de bom.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

7 DICAS PARA LIDAR COM A ANSIEDADE

A ansiedade contínua pode tornar a vida do paciente num verdadeiro inferno. As suas perspectivas são pessimistas e a sensação de ameaça, quase constante. Para além do desgaste emocional, o lado físico também sofre com o problema, que diminui as defesas do nosso sistema imunitário. Como tal, é preciso lidar com o problema e minimizar o seu impacto na nossa vida.



Apresento de seguida, algumas técnicas que poderão ajudá-lo nesta árdua tarefa.





1. Técnicas de relaxamento 

Permita-se relaxar. A prática de meditação e yoga com regularidade, bem como recorrer a uma massagem de relaxamento de vez em quando, é uma forma bastante eficaz na redução de stress e ansiedade. 

Experimente ainda, tomar um banho morno, mais prolongado, enquanto tenta respirar calmamente ou pratique alguns exercícios de relaxamento muscular progressivo, que consiste em contrair e descontrair os diferentes músculos do seu corpo. À medida que o corpo descontrai, também a mente vai relaxando.



2. Técnicas respiratórias

São especialmente eficazes na eminência de uma crise e consistem numa respiração profunda e pausada que deve ser efectuada ao nível do diafragma. A mesma deve realizar-se, inspirando lentamente pelo nariz, mantendo a boca fechada e expirando lentamente pela boca.



3. Exercício físico 

A prática de exercício físico regular aumenta a produção de serotonina, aumentando a sensação de prazer. Claro que neste ponto, há uma grande influência da disposição do indivíduo em questão, devido ao facto de haver pessoas que não gostam de praticar exercício. No entanto, este tem sempre um impacto positivo no controlo da ansiedade. 

Caminhar 3 vezes por semana é já uma grande ajuda, exercitando o corpo e proporcionando um momento de meditação activa para a mente.



4. Psicoterapia 

Sessões de psicoterapia são especialmente úteis, pois vão ajudá-lo a identificar os motivos da ansiedade e ensiná-lo a não alimentar pensamentos negativos acerca das diferentes situações. O psicoterapeuta pode ainda ajudá-lo no treino de técnicas que o ajudem a controlar a ansiedade.



5. Alimentação

Tente ingerir alimentos ricos em triptofanos (ver quadro 1) com regularidade. O consumo de chás calmantes pode também ser uma grande ajuda, sendo o mais conhecido, o de camomila. 

Corte no álcool e na cafeína.



6. Sono

Bons padrões de sono ajudam a controlar a ansiedade, por isso, dormir bem é fundamental. 

Evite noitadas e quando se deitar, certifique-se que no quarto existe o mínimo de luz e ruídos que possam interferir com a qualidade do seu sono. Uma boa noite de sono dar-lhe-á uma perspectiva mais positiva pela manhã.



7. Medicação

Em casos mais graves, poderá haver a necessidade de recorrer a medicação, nomeadamente ansiolíticos. Se sente que poderá ser o seu caso, consulte o seu médico.



     Quadro 1. Alimentos ricos em Triptofano
     (Fonte: http://www.tuasaude.com/alimentos-ricos-em-triptofano/)




Não alimente o pânico! Apesar do tremendo mau-estar que sente numa situação destas, realisticamente, nada lhe vai acontecer durante uma crise de ansiedade ou um ataque de pânico. 
O medo de morrer ou desmaiar é, sem dúvida, muito frequente nestas situações, porém, é irreal. Na verdade, a tensão arterial sobe durante o processo e para ocorrer o desmaio, a mesma teria de descer.




sexta-feira, 14 de agosto de 2015

PORQUE SOFRO DE ANSIEDADE?

A ansiedade é uma resposta normal e saudável do nosso organismo a situações que nos façam sentir que estamos em risco de alguma forma. Toda a gente sente e é uma forma do nosso corpo se proteger contra potenciais ameaças exteriores. Então, porque em certas pessoas, este mecanismo natural se torna num problema psicopatológico?




Ao longo da vida deparamo-nos com inúmeras situações que nos fazem sentir alguma ansiedade e se, a princípio, esta é um estimulante para reagirmos, com o aumento das dificuldades, dos fracassos ou mesmo humilhações começamos a ter pensamentos mais negativistas e a acreditar que não temos a capacidade necessária para enfrentar ou resolver determinada situação ou problema. Aqui começam os primeiros sinais de problemas de ansiedade.

Para algumas pessoas, a ansiedade é canalizada em direcção a alguma situação ou objecto específico, passando maioritariamente a evitá-lo, mesmo que seja uma coisa simples como, por exemplo, andar de comboio. No entanto, para outras pessoas, a ansiedade é um sintoma mais generalizado, onde a pessoa se sente constantemente ansiosa e receosa, mesmo que ela própria não encontre razão aparente para tal.

Assim sendo, a ansiedade pode ser provocada por qualquer motivo, pois está totalmente dependente da importância que o indivíduo dá a determinadas situações. No entanto, algumas das situações mais facilmente associadas a este tipo de problemas são: as dificuldades pessoais de inserção na sociedade,  os conflitos interiores de domínio afectivo, emocional e/ou sexual, a dor e o abuso de certas substâncias (café, chá, tabaco, álcool e drogas diversas).




Medo de falhar!

Este é um dos principais receios da pessoa que sofre de ansiedade. A partir de determinado ponto, mais do que a situação em si, o que a assusta realmente é não ser capaz de a enfrentar, e por isso, falhar. Isto gera um sentimento de impotência e incapacidade que tende a aumentar consideravelmente os sintomas. É importante que não se deixe arrastar a situação por muito tempo, ou o problema tende a piorar.



O problema começa bem cedo.

Mesmo quando o problema só se manifesta na adolescência ou idade adulta, é com frequência que se detectam os seus principais motivos na infância do sujeito. Uma criança sujeita a grande pressão (para estudar, para se comportar desta ou daquela maneira, para seguir regras muito rígidas) tende a desenvolver um distúrbio de ansiedade generalizada, tornando-se um adulto que bloqueia perante o medo da crítica, hipervigilante ao próprio erro, que sente que nada do que faz é bom o suficiente e tem muita dificuldade em relaxar e dormir.



Outros distúrbios psicológicos.

Stress. O stress é uma resposta do organismo às agressões da vida quotidiana. Quando é excessivo, este pode manifestar através de crises de ansiedade e sintomas físicos significativos, podendo mesmo conduzir ao desenvolvimento de doenças psicossomáticas.

Fobias. Uma fobia é um medo irracional de determinado objecto ou situação. A mesma pode traduzir-se em ataques de pânico que podem paralisar o indivíduo pela sensação de asfixia ou morte eminente. Neste caso, estamos a falar de diferentes formas de expressão da ansiedade.

Depressão. A ansiedade faz parte do quadro clínico da depressão e está associada às constantes variações de humor. As duas doenças estão inevitavelmente interligadas e a pessoas que sofre de ansiedade, tem uma probabilidade acrescida de desenvolver uma depressão. Se sente que algo não está bem, que está mais ansioso do que o habitual perante qualquer situação, não hesite em contactar o seu médico.



quinta-feira, 13 de agosto de 2015

SERÁ ANSIEDADE?

Num mundo cada vez mais competitivo e exigente, o sentimento de ansiedade vai invadindo a pouco e pouco a nossa vida. Sem darmos por isso, um sentimento perfeitamente normal e esperado, que pode até estimular-nos a tomar uma atitude necessária, começa a afectar a nossa vida de forma negativa. Esta reação do organismo ao stress torna-se, a pouco e pouco, patológica, dificultando, ou até mesmo impedindo, a realização das mais básicas tarefas do dia a dia. Como em qualquer doença, quanto mais cedo for detectado o problema, mais rapidamente encontraremos uma solução. Mas, quando é que o normal passa a patológico?




O que é ansiedade?

Quando falamos em ansiedade, estamos a referir-nos a uma expectativa negativa face ao futuro, que implica medo ou receio de situações para as quais temos dúvidas sobre a nossa capacidade de enfrentar. A pessoa que sofre de ansiedade tem uma visão muito pessimista do mundo e de si mesma, não conseguindo lidar adequadamente com a incerteza, o que a conduz a atitudes de evitamento de determinadas situações. Com o tempo, e sem o tratamento adequado, este leque de situações aumenta consideravelmente.

As preocupações normais, que qualquer pessoa sente perante um imprevisto, no paciente com ansiedade tomam proporções drásticas (mesmo que o problema em questão não tenha tanta importância), a sua preocupação é excessica, intrusiva, persistente e debilitante.



Como cheguei aqui?

O processo é gradual e muitas vezes, mascarado por outras situações, como a timidez ou baixa auto-estima, pelo que é frequente, a certa altura, pararmos para pensar e não percebermos em que momento tudo mudou. Como uma pessoa um pouco mais ansiosa desenvolveu a patologia com gravidade.

A possível origem do problema raramente é uma só e pode ser apenas um conjunto de situações, que conduziu o paciente ao estado em que se encontra actualmente. A história de vida e experiências pelas quais o sujeito passou, a personalidade, o ambiente em que está inserido e até mesmo a reação física ao stress são apontados por especialistas como as principais fontes de origem do problema.



Pessoas mais propensas a desenvolver ansiedade

Algumas pessoas parecem ter uma maior propensão para o desenvolvimento do problema. Aqui ficam alguns factores de influência negativa nas mesmas.

1. Passado marcado por fracassos, humilhação e carência

2. Crescer em ambiente caótico e sem qualquer estabilidade

3. Pessoas muito pessimistas, que atribuem ao exterior todas as suas dificuldades

4. Pessoas que encaram o mundo como um lugar perigoso





Principais Sintomas

O paciente que sofre de ansiedade pode experienciar vários sintomas, sob formas muito diversas, aqui fica uma lista dos mais comuns.

1. Batimentos Cardíacos Acelerados e Dificuldades Respiratórias

2. Dor e Tensão Muscular

3. Dores de cabeça frequentes 

4. Suor excessivo

5. Tremores e tonturas

6. Sensação de nó no estomâgo e/ou garganta

7. Problemas gastrointestinais

8. Sentimentos de medo e fraqueza

9. Medo de sofrer de alguma doença grave (queixas que envolvem possibilidade de cancro são frequentes)

10. Incapacidade crónica de relaxar e preocupações exageradas com os mais diversos sectores da sua vida

11. Dificuldade de concentração

12. Irritabilidade e fadiga fácil

13. Medo extremo de ser humilhado 

14. Dificuldade em adormecer





É patológico?

Sofrer de momentos de ansiedade é normal, até certo ponto. Muitas vezes, identificar este ponto é a parte difícil, pelo que deve observar e monitorizar os eu próprio comportamento para determinar o momento em que deve pensar em recorrer a ajuda especializada. 

Aqui ficam algumas dicas para tal.



1. Medo de falar em público

É normal sentir alguma ansiedade perante a exposição, um certo friozinho na barriga pode até ser benéfico e permitir-lhe manter-se alerta durante o seu discurso, mas se sente que não consegue dormir durante semanas antes de uma apresentação é possível que sofra de Ansiedade Social.



2. Insegurança e Preocupação Excessiva

Há situações em que sentir-se inseguro ou em perigo é uma forma de o manter alerta e de autopreservação do seu organismo, mas se se sente frequentemente em perigo, se conversar ou conviver com 2 ou 3 pessoas, sair com amigos é motivo de nervosismo, então deve preocupar-se. O mesmo ocorre com a preocupação exagerada com um assunto em particular, que muitas vezes nem tem tanta importância assim e se arrasta durante semanas. Aqui incluem-se as chamadas fobias, que podem ser bastante incapacitantes.



3. Tensão Muscular

Está permanentemente tenso, alguns movimentos como apertar a mandíbula ou cerrar os punhos tornam-se praticamente involuntários e as dores musculares surgem cada vez mais. É sintoma de ansiedade e deve ser tomado em consideração.



4. Alterações de sono

Com o stress do dia a dia e as preocupações normais da vida moderna, algumas noites sem dormir parecem naturais, no entanto, se sente insónias com muita regularidade, ou o sono é agitado e não lhe permite descansar, então deve pensar duas vezes. Normalmente, este sintoma vem acompanhado de preocupações recorrentes sobre um ou mais aspectos, nem sempre passíveis de tanta preocupação.



5. Perfeccionismo e Comportamentos Compulsivos

O perfeccionismo e obsessão são comportamentos que andam de mãos dadas com os distúrbios de ansiedade. Consistem em controlar todos os factores possíveis, de medo a que nada fuja ao controle do paciente, minimizando a sensação de incerteza e insegurança. É natural para o ser humano tentar controlar determinados factores ou situações, que possam terminar nalguma surpresa desagradável, mas se começa a desenvolver rituais que passam a ter demasiada importância no seu dia a dia é possível que esteja a desenvolver um distúrbio de ansiedade.



6. Pânico

Um doente que sofre de ansiedade poderá, em algum ponto da sua vida, desenvolver um ataque de pânico, que, para além de aterrorizador é altamente incapacitante. O mesmo traduz-se por uma sensação súbita de medo e insegurança, acompanhada por sintomas físicos como suor, fraqueza, tonturas e dores no peito. É comum, perante um ataque de pânico, o paciente pensar que está a ter uma complicação cardíaca. Se já passou por uma situação como esta, deve consultar imediatamente um médico.



quarta-feira, 12 de agosto de 2015

STRESS, A QUANTO OBRIGAS

As férias já lá vão e a correria do dia a dia sufoca-nos de forma avassaladora. Trabalho, filhos, tarefas de todo o género, os nossos dias são assustadoramente preenchidos e mal temos tempo para parar e respirar fundo. Juntamos a tudo isto, meia dúzia de “surpresas” com as quais tropeçamos de vez em quando e temos um verdadeiro inferno para o nosso sistema nervoso.






As manhãs começam a correr, o som irritante do despertador obriga-nos a levantar apesar das noites mal dormidas, é preciso ter a família toda pronta para sair de casa à hora marcada, deixar as crianças nas respectivas escolas, seguir para o emprego, trânsito, chegamos atrasados, um chefe mal disposto... Esta parece-lhe uma boa descrição do seu início de dia? Sim? Então terá certamente alguns problemas com o stress excessivo.

O stress, esse bicho de sete cabeças da sociedade moderna é, na verdade, apenas a resposta que o organismo dá, quando lhe é colocada uma exigência. E desengane-se quem acredita que só as coisas desagradáveis podem causá-lo, muito pelo contrário, uma situação maravilhosamente boa, poderá ser um grande despoletador de stress. Significará isso que estamos condenados ao sofrimento? De maneira nenhuma.

Cada pessoa tem a sua própria forma de reagir a determinada situação, consoante a perspectiva que tem dela e a fase da vida em que está. Aquilo que nos aterrorizava quando éramos crianças, poderá agora parecer-nos quase ridículo e da mesma forma, algumas coisas que fazíamos quase sem pensar, que fluíam naturalmente, são agora muito mais complicadas.

Isto acontece devido à maturação do nosso cérebro e à nossa avaliação, num determinado momento, dos diferentes acontecimentos. Cada acontecimento poderá ser avaliado pela nossa mente como irrelevante (ausência de stress), acontecimento positivo (poderá ou não ocorrer a resposta de stress), ou acontecimento ameaçador ou perigoso (despoletar imediato de stress). O mesmo acontecimento, como já referido, pode ser avaliado de formas diferentes em momentos ou situações diferentes.

Desta forma é fundamental conhecermos os factores que agravam a sensação de stress. São eles a irritabilidade, o pensamento ruminativo, isto é, pensar constantemente na mesma situação e ficar a revivenciá-la vezes e vezes sem conta, sem qualquer motivo lógico ou prático, o isolamento social, a baixa auto-estima e claro, um estado físico ou psicológico mais debilitado e fragilizado.

Todos estes factores podem ser bastante comuns no nosso quotidiano, sem que possamos fazer nada para os evitar, por isso, devemos centrar a nossa atenção nos factores que nos ajudam a proteger o nosso organismo.

Uma forma bastante eficaz de combatermos o stress é sabermos que estamos a dar o nosso melhor em cada situação. O nosso empenho e esforço na realização das tarefas, ajuda-nos a controlar a ansiedade provocada pelas mesmas e a capacidade de nos desafiarmos a nós mesmos, a auto-confiança, tudo isso nos ajuda, quase sem nos apercebermos a dar a volta às situações mais complexas e a sentirmos um maior bem-estar perante as situações despoletadoras de stress. É importante identificar as reais causas da nossa sensação de stress e saber enfrentá-las.

Depois de entender a forma como nós funcionamos e reagimos e o que deveremos fazer para enfrentar as situações geradoras de stress, passamos então a uma fase de gestão, que nos vai permitir actuar de forma mais objectiva no problema e ensinar-nos a gerir o stress produzido.




Alguns conselhos para uma gestão mais eficaz de stress:



Reduzir o número de factores stressores. O ideal será diminuir a quantidade de situações geradoras de stress com as quais tem de lidar ao mesmo tempo. Aprenda a definir a importância de cada situação e a focar-se primeiramente naquelas que são mais importantes para si.



Moldar a apreciação dos elementos stressores. Será que aquela reunião que vai ter é assim tão importante? É possível que bem analisadas as coisas, algumas situações não sejam tão críticas como parecem à primeira vista. Assim, é aconselhável analisar friamente as diferentes situações que se colocam à sua frente e virá a descobrir que nem sempre tem motivos para se sentir tão ansioso.



Encontrar as estratégias adequadas para lidar com o stress. Este ponto depende grandemente do sujeito e cabe a cada um de nós encontrar as melhores estratégias para o seu caso específico. Estas estratégias podem passar pela procura de apoio social, aprender a gerir o tempo disponível para cada tarefa, levar uma vida mais saudável e regrada, frequentar sessões de meditação como forma de relaxamento, treinar a assertividade, exercer um controlo cognitivo sobre os seus níveis de ansiedade e claro, com vista a atingir estas ou outras estratégias, a ajuda de um profissional pode fazer toda a diferença e ajudá-lo a afastar de si esta epidemia do nosso século.



Publicado em:
Revista Ki – Nº14
Novembro de 2014



domingo, 9 de agosto de 2015

RECUPERAR DE UM AVC

Cada caso é um caso. É uma frase que já todos ouvimos e em relação aos pacientes vítimas de um AVC, não podia ser mais literal. Um Acidente Vascular Cerebral pode traduzir-se em quadros muito variados, com a possibilidade de recuperação quase total, ou não. 

Para uma avaliação aprofundada e cuidadosa, bem como a elaboração de um programa de reabilitação adequado, o paciente deve ser acompanhado por uma equipa multidisciplinar de profissionais de saúde que inclua médicos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, entre outros, consoante as necessidades reais do paciente em questão.




Sendo uma das principais causas de morte em todo o mundo e uma das patologias mais incapacitantes na realização das actividades do dia a dia, merece uma atenção especial e o empenho de todos na recuperação do doente. Assim, existem 3 estágios de tratamento a ter em conta.



1. Tratamento Preventivo

Trata-se da identificação e controle dos factores de risco e o acompanhamento regular de condições propícias ao surgimento do problema.


2. Tratamento do AVC agudo

Tratamento aplicado no momento da ocorrência, durante o qual se deve diferenciar o tipo de Acidente Vascular Cerebral em causa e então administrar os fármacos recomendados o mais rapidamente possível, em ambiente hospitalar, de modo a facilitar o ponto seguinte.


3.Tratamento de Reabilitação, pós-AVC

Neste ponto, trata-se de ajudar o paciente a superar os danos causados pela lesão, através de terapias medicamentosas, de fisioterapia que auxilia na recuperação de movimentos e outras adequadas à situação específica.



Para uma eficaz recuperação, deverá ser elaborado um programa de reabilitação que deverá ter em conta uma série de factores e as principais funções afectadas pelo problema. Os profissionais responsáveis por este processo, devem ter sempre em conta o processo natural de recuperação neurológia, que ocorre nos primeiros 3 a 6 meses e, sendo independente da acção terapêutica, depende muito da lesão inicial e de recuperação funcional, que se prolonga para além da neurológica e prende-se, em grande parte, com o ambiente e motivação do paciente na sua própria recuperação. 





PROGRAMA DE REABILITAÇÃO DO AVC




1. Funções Superiores

Dura, muitas vezes, mais de um ano e é frequentemente incompleta.
A persistência de alterações de memória ou alterações visuo-perceptivas graves tem uma grave influência na recuperação. Deverá proceder-se a uma reeducação cognitiva e a família pode ajudar levando o doente à repetição de tarefas simples e concretas.



2. Comunicação

As afasias são comuns num paciente que sofreu um AVC e poderão ser recuperadas nos primeiros 3 meses. Quanto mais tempo demorar esta recuperação, maior a dificuldade na mesma.
A recuperação depende muito da localização e extensão da lesão inicial, sendo que a compreensão e denominação são as modalidades que apresentam um prognóstico mais positivo.



3.Visão

A perda (parcial ou completa) pode persistir e assim, prejudicar o processo de recuperação funcional.



4. Função sensitivo-motora

Através da reeducação neuromuscular e estimulação eléctrica funcional.



5.  Membro Superior

A mão tem um papel fundamental na independência funcional, porém, é das funções mais difíceis e demoradas no processo de recuperação.



6. Membro Inferior

85% dos doentes conseguem uma marcha independente, durante os primeiros 3 a 6 meses após o Acidente Vascular Cerebral.



7. Aspecto psico-social

Cerca de 30 a 60% destes doentes apresentam um quadro depressivo significativo. Este quadro deve ser intervencionado o mais rapidamente possível, pois dificulta a reabilitação.

O papel da família, principalmente após a alta hospitalar, é fundamental para a manutenção da motivação e empenho do doente, aumentando a probabilidade de uma recuperação bem sucedida.




sexta-feira, 7 de agosto de 2015

ESTOU A TER UM AVC? O QUE FAZER?

A recuperação de um AVC é tanto mais eficaz, quanto mais rapidamente o paciente for atendido por um profissional de saúde competente. Assim, é importante detectar o problema o mais rapidamente possível, para encaminhar o doente adequadamente. Muitas vezes, os sintomas passam despercebidos a terceiros e é importante estar atento a quem amamos.
Os sintomas podem variar com o tipo de Acidente Vascular Cerebral em causa, bem como, devido a factores como a localização da lesão, ou a idade do paciente.

Em seguida, apresento uma lista dos principais sintomas a ter em conta e perante os quais devemos dirigir-nos imediatamente ao hospital ou chamar por ajuda.



Sintomas de AVC


1. Diminuição ou perda súbita da força de um dos lados do corpo

Pode traduzir-se apenas na face, braço ou perna, ou todo um lado do corpo. Também pode ocorrer uma alteração de sensibilidade e sensação de formigamento. Este é um sintoma típico e muito frequente, que jamais deve ser ignorado.


2. Alterações de visão

O paciente poderá experienciar uma perda total ou parcial da visão, atingindo um ou os dois olhos ou sofrer de visão embaçada. Alguns doentes referem a sensação de “sombra” ou “cortina” diante dos olhos.


3. Alteração aguda na fala

Esta alteração pode manifestar-se através de alguma dificuldade em articular as palavras, dificuldade em expressar-se ou mesmo em compreender o que lhe é dito.


4. Dor de cabeça súbita e intensa

Trata-se de uma dor muito forte, que se caracteriza por um aparecimento repentino e sem causa aparente.


5. Instabilidade

A vítima de AVC pode sentir alguma dificuldade em levantar-se ou manter-se de pé, experienciando tonturas súbitas e intensas e um desiquilíbrio associado a náuseas ou vómitos.


6. Incontinência Urinária ou Fecal

A vítima de AVC poderá sentir dificuldade ou tornar-se mesmo incapaz de controlar os esfíncteres.



Considera-se um Acidente Vascular Cerebral quando os sintomas relatados ocorrem por mais de 24 horas, caso contrário, denomina-se um Acidente Isquémico Transitório.

No caso de um Acidente Vascular Cerebral de tipo Hemorrágico os sintomas podem manifestar-se como os descritos acima, mas geralmente mais graves e de rápida evolução (podem desenvolver-se numa questão de minutos). O hematoma provocado pela hemorragia pode causar edema (inchaço) atingindo então outras estruturas subjacentes e podendo conduzir ao coma.




Como Agir?

Perante uma vítima de AVC há alguns passos que podem fazer toda a diferença e o atendimento por um profissional de saúde deve ser realizado o mais depressa possível, de modo a minimizar, o mais possível, o impacto da lesão. 

Mesmo que os sintomas se dêem por apenas alguns minutos, é importante que o doente seja avaliado. Uma em cada 10 pessoas das que sofrem de um pequeno Acidente Isquémico Transitório, sofre um AVC nos 3 meses seguintes, pelo que o paciente deve recorrer à urgência e submeter-se ao tratamento que o clínico considerar adequado para evitar maiores consequências. Aqui ficam algumas dicas que lhe permitem ajudar uma pessoa em semelhante situação.

1. Deite a vítima de lado

2. Ligue para o número de emergência e chame uma ambulância

3. Enquanto espera, verifique se a vítima está a respirar e o coração a bater (poderá ter de recorrer à respiração boca a boca e massagem cardíaca, não tenha receio, mesmo que não saiba bem como fazer, tente, pois não irá prejudicar)



Quanto mais depressa forem tomados estes procedimentos, maior a probabilidade de evitar o desenvolvimento de complicações irreversíveis ou até mesmo morte.