quinta-feira, 7 de outubro de 2021

COVID 19 - Porque as vacinas não são 100% eficazes?

 


Ninguém esperava uma pandemia que afectasse todo o planeta. Não há país no mundo que não tenha tido pelo menos um caso e são muitos os que tiveram uma taxa de mortalidade e internamento hospitalar assustadora. 

O mundo uniu-se, cientistas de diferentes pontos do mundo trabalharam em conjunto, durante centenas de horas para fabricar uma vacina que pusesse um travão nesta crise pandémica.

A vacina foi criada. Actualmente em Portugal a grande maioria da população já está vacinada. No entanto, há algo que preocupa a maioria das pessoas: as vacinas não são 100% eficazes. Podemos contrair a doença mesmo estando vacinados. Porquê?

Nenhuma vacina é 100% eficaz

Para compreender o fenómeno com esta vacina em particular, é importante que se compreenda como funcionam as vacinas. Começamos por afirmar que não há uma única vacina que seja 100% eficaz.

Lembremo-nos do caso da vacina da gripe. Quem nunca conheceu alguém que tomou a vacina e ficou com gripe na mesma? Ou até mesmo as vacinas que tomamos quando crianças - sarampo, papeira, rubéola, etc. Quantos de nós não tiveram uma forma destas doenças apesar da vacinação?

A verdade é que a vacina não evita por completo a doença - ela dá ao nosso corpo mecanismos para que este possa combatê-la rapidamente e de forma mais eficaz. Funciona como uma espécie de livro de instruções para o nosso sistema imunitário, que ao entrar em contacto novamente com o virus, terá a resposta adequada para combater o mesmo.  Ou seja, o virus pode entrar no nosso corpo à mesma, mas será aniquilado antes de causar danos maiores. A maioria de nós não chega a adoecer, outros não têm tanta sorte, mas evitam-se formas mais graves - às vezes fatais - das doenças. Estatísticamente, as vacinas são um sucesso.

Qual a percentagem de eficácia? É suficiente?

Actualmente, temos vacinas contra a COVID-19 com uma eficácia em volta dos 90%. É suficiente?

Embora nos possa parecer que 10% é demasiado para deixar entregue à sorte num virus potencialmente fatal, a verdade é que a Organização Mundial da Saúde considera uma vacina eficaz a partir de 50%. Assim sendo, mesmo uma taxa de 70% é considerada incrivelmente alta no que se refere às vacinas. A vacina da gripe, por exemplo, tem apenas uma eficácia de 50% a 60%.

Além do mais, estes valores referem-se à infecção pelo novo coronavirus. A vacina pode previnir formas graves da doença, mesmo que não evite totalmente o contágio.

Lidaremos todos com o mesmo grau de eficácia?

Desde o início da pandemia que foi óbvio que há franjas da população mais vulneráveis que outras. A população idosa é especialmente vulnerável ao novo coronavirus e, como sabemos, foram os primeiros a ser vacinados. 

No entanto, começam a surgir dúvidas quando vemos novos surtos em lares de idosos, com desfecho fatal para algumas destas pessoas. É preciso compreender que, ao longo da nossa vida, e por diferentes motivos, há flutuações na capacidade de resposta do nosso sistema imunitário. À medida que envelhecemos, este começa a ter mais dificuldade de resposta às agressões exteriores.

Como explicado acima, a vacina não cura, nem não mata o virus - ela dá instruções ao sistema imunitário sobre como combater, mas este ainda tem a função principal. Assim, apesar de ser uma ajuda inestimável para os nossos idosos, eles continuam a ser uma população vulnerável e a ser protegida, mesmo após a vacinação. As comorbilidades comuns em idades mais avançadas vão afectar a eficácia da vacina - ainda assim, haverá sempre um aumento do nível de proteção.

Factores que interferem na eficácia de uma vacina

Em todas as vacinas, a eficácia varia de pessoa para pessoa. Aqui ficam os principais factores que têm efeito nessa variação:

  • A idade do indivíduo;
  • Outras doenças ou patologias que possa ter;
  • Factores genéticos;
  • O tempo decorrido desde o momento da vacinação;
  • Contacto anterior com a doença em questão.

Todos estes factores podem conduzir à diminuição da imunidade ao longo do tempo.

É importante referir, que uma pessoa que apanha uma doença para a qual já havia sido vacinada, não só vai desenvolver sintomas mais ligeiros da doença, como tem uma menor probabilidade de infectar outros.

A vacinação é a solução

Ainda há muito para saber sobre a COVID-19 e a forma como a mesma se vai desenvolver daqui para a frente, mas há uma forte probabilidade de se tornar uma doença endémica. Não sabemos se precisaremos de mais doses de reforço, como acontece com outras vacinas (por exemplo, a do tétano, a cada 10 anos), mas sabemos que para já, têm um grau de eficácia satisfatório.

Vacinas 100% eficazes não existem, porque a mesma vai sempre depender da resposta imunitária que o organismo é capaz de oferecer. No entanto, as mesmas conferem uma boa protecção no desenvolvimento de doença grave e ajuda a diminuir a transmissão.