A depressão na infância nem sempre é fácil de detectar, mais do que tristeza, a criança deprimida apresenta, na maioria das vezes, agressividade. Assim, é extremamente importante ficarmos atentos às mudanças de comportamento na criança, especialmente se estas são demasiado súbitas.
Aqui ficam alguns sinais aos quais devemos estar especialmente atentos.
1. Irritabilidade
Este é uma das principais queixas dos pais e cuidadores da criança deprimida e é talvez o primeiro sintoma do qual se dão conta. A criança deprimida começa a demonstrar uma conduta mais agressiva, recusa regras (as quais anteriormente eram plenamente aceites) e opõem-se à autoridade, desobedecendo e questionando com frequência as ordens dos adultos.
2. Tristeza
A tristeza nem sempre é verificada da forma mais tradicional, embora algumas crianças possam demonstrar choro fácil e grande sensibilidade. Na maioria dos casos, se estivermos atentos podemos verificar alguns sentimentos de desespero, angústia, pessimismo e falta de prazer em praticar actividades, até então, agradáveis para a criança.
Começam a surgir ideias relacionadas com tragédias e morte e algumas crianças podem mesmo demonstrar ideação suicída.
3. Dificuldade de concentração, memória e raciocínio
A par com a irritabilidade, este é também um dos primeiros sintomas a saltar à vista dos cuidadores da criança. A depressão interfere com o desenvolvimento das actividades cognitivas da criança, traduzindo-se por uma queda no desempenho escolar, que leva muitas vezes ao desenvolvimento de fobia escolar.
4. Alterações de Apetite e de Sono
Tal como nos adultos, estas alterações não são iguais para todas as crianças. A criança pode começar a comer muito ou a evitar alimentar-se, devendo os pais estar atentos a alterações de peso significativas, sejam elas em que direcção forem.
Da mesma forma, em relação ao sono, a criança pode demonstrar insónias ou excesso de sono, dormindo muitas horas e nunca estando totalmente descansada. É ainda muito frequente que o mesmo seja interrompido por pesadelos, começando a desenvolver-se na criança o medo de ir dormir, chorando assustada na hora de se deitar.
5. Enurese e Encoprese
A criança que anteriormente já controlava de forma apropriada os seus esfíncteres, pode regridir novamente, voltando na maioria das vezes, a urinar e defecar na cama.
6. Postura e Queixas Físicas
Muitos pais observam uma alteração na postura corporal da criança, que se traduz, maioritariamente, pelo tronco arqueado. A maioria das crianças apresenta inúmeras queixas físicas que são muitas vezes o motivador para a visita ao médico.
A criança deprimida pode apresentar queixas frequentes de dores (dores de cabeça, costas, pernas, cólicas intestinais…) e mostrar-se frequentemente cansada ou sem energia. Algumas crianças queixam-se também de tonturas e podemos observar uma alteração na actividade psicomotora, que pode acelerar levando a hiperactividade ou diminuir significativamente (hipoactividade).
Estas queixas físicas são facilmente compreensíveis, na medida em que é mais fácil, para a criança, explicar algo concreto, orgânico, como uma dor de barriga do que explicar um mal-estar emocional.
7. Isolamento Social
A criança começa a afastar-se das outras crianças, recusando brincadeiras e demonstrando dificuldade excessiva em afastar-se da mãe. Este isolamento é acompanhado de baixa auto-estima e sentimentos de inferioridade em relação aos outros. Muitas das crianças começam ainda a desenvolver condutas antissociais e destrutivas.
8. Comportamento Parassuicida
Devido à falta de maturidade para compreender a morte, a criança costuma apresentar comportamentos perigosos que não podem ser catalogados como suicidas (visto que não são realizados com essa intenção), sendo assim chamados de comportamentos parassuicidas. A criança deprimida sofre acidentes, que podem demonstrar-se bastante graves, com muita frequência porque ela não se protege nem se resguarda.
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