Vivemos
num mundo onde os conceitos de saúde, de bem-estar físico e
psicológico e harmonia ganham uma cada vez maior importância e um
peso significativo na vida de cada um de nós. A alimentação mais
saudável possível, exercício físico, fazer isto e aquilo,
prevenção, reabilitação. Temos médicos e técnicos cada vez mais
avançados, nas mais diferentes áreas. Seria de pensar que estávamos
perto de alcançar o paraíso. No entanto, nós nunca estivémos tão
doentes.
Estima-se
que no mundo, mais de metade da população sofra de algum tipo de
perturbação mental, mais ou menos grave, para além das inúmeras
doenças, que apesar da nossa avançada medicina, parecem espalhar-se
desenfreadamente. De acordo com os dados do Instituto Nacional deEstatística, mais de 80% da população portuguesa tem uma possível
doença mental.
Como é suposto então, olhar para esta aparente contradição?
Vivemos
num mundo onde o stress, a ansiedade, a poluição, o excesso de
quase tudo nos faz sofrer de vários problemas. Cada vez mais se
verificam crimes e atitudes devidas a problemas do foro psicológico
e apesar de haver uma maior abertura à frequência de consultas de
psiquiatria e psicologia, a verdade é que os problemas psicológicos
não param de aumentar. Porquê? O nosso mundo os proporciona cada
vez mais.
O
ser humano é, antes de mais, um animal como qualquer outro, com
necessidades específicas que nos colocam num determinado lugar da
cadeira alimentar e na organização da natureza. No entanto, com a
evolução tecnológica, nós tornamo-nos o principal predador, sem
concorrência capaz de nos fazer frente. Isso permitiu um
desenvolvimento astronómico da nossa qualidade de vida e capacidade
cognitiva, nem sempre tão boa como aparenta ser e uma completa
transformação das nossas necessidades e acções.
Não
precisamos mais de caçar ou plantar para sobreviver, de procurar
abrigo e isso criou uma enorme quantidade de tempo livre. Com a
evolução, fomos sempre adquirindo mais e mais e por isso,
procurando também mais e mais. Queremos tudo e depressa.
Já
não nos regemos pelas necessidades do nosso corpo, do nosso
organismo, mas pelos horários insanos que nos são impostos e pela
sociedade em geral, movida pela sede de poder. A economia é o
verdadeiro motor de busca e de vida da sociedade moderna.
O
nosso mundo está doente. A nossa sociedade está corrompida. E cada
um de nos sofre com isso.
O
stress, a ansiedade, a depressão tornam-se verdadeiras epidemias do
nosso século, que nos desgastam pouco a pouco até nos conduzirem,
muitas vezes à morbilidade parcial ou total, ou até mesmo à morte.
Para os combater, tomamos cada vez mais medicamentos, carregados de
químicos prejudiciais e que corroem o nosso organismo a pouco e
pouco.
Como combater todo este flagelo, num mundo que parece cada vez pior?
Fechar-se
em si mesmo pode parecer uma opção tentadora, mas nós somos um ser
social e precisamos dos outros. Precisamos de conviver, de comunicar,
de estar com os outros de amar e ser amado, de ter uma teia de
suporte social. No entanto, a sociedade está cada vez pior e muitas
vezes sentimos, que ao tentarmos conviver com as outras pessoas,
ficamos a sentir-nos ainda pior...
O
ideal é termos um verdadeiro equilíbrio, durante o qual nos
preocupamos com a nossa saúde e bem-estar. Uma corridinha na praia
ou no mato (evite as zonas de maior poluição) uma sessão de meditação, uma aula de ioga. Todas elas são situações que nos
ajudam a descontrair e onde temos a possibilidade de encontrar
pessoas mais parecidas connosco.
Encontre
o seu lugar no mundo e procure o convívio de pessoas que o fazem
sentir-se melhor consigo mesmo e com os outros.
Evite
deixar-se contagiar pela pressa, pelos medos e pelas corridas
contra-relógio da multidão à sua volta. Ao invés disso, tente
mostrar os benefícios de uma caminhada ao ar livre, de cantar, de
sorrir, sem se preocupar com o amanhã.
Juntos podemos combater a verdadeira doença, que nos consome por dentro e está a acabar connosco e com o mundo à nossa volta.
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