quarta-feira, 12 de agosto de 2015

STRESS, A QUANTO OBRIGAS

As férias já lá vão e a correria do dia a dia sufoca-nos de forma avassaladora. Trabalho, filhos, tarefas de todo o género, os nossos dias são assustadoramente preenchidos e mal temos tempo para parar e respirar fundo. Juntamos a tudo isto, meia dúzia de “surpresas” com as quais tropeçamos de vez em quando e temos um verdadeiro inferno para o nosso sistema nervoso.






As manhãs começam a correr, o som irritante do despertador obriga-nos a levantar apesar das noites mal dormidas, é preciso ter a família toda pronta para sair de casa à hora marcada, deixar as crianças nas respectivas escolas, seguir para o emprego, trânsito, chegamos atrasados, um chefe mal disposto... Esta parece-lhe uma boa descrição do seu início de dia? Sim? Então terá certamente alguns problemas com o stress excessivo.

O stress, esse bicho de sete cabeças da sociedade moderna é, na verdade, apenas a resposta que o organismo dá, quando lhe é colocada uma exigência. E desengane-se quem acredita que só as coisas desagradáveis podem causá-lo, muito pelo contrário, uma situação maravilhosamente boa, poderá ser um grande despoletador de stress. Significará isso que estamos condenados ao sofrimento? De maneira nenhuma.

Cada pessoa tem a sua própria forma de reagir a determinada situação, consoante a perspectiva que tem dela e a fase da vida em que está. Aquilo que nos aterrorizava quando éramos crianças, poderá agora parecer-nos quase ridículo e da mesma forma, algumas coisas que fazíamos quase sem pensar, que fluíam naturalmente, são agora muito mais complicadas.

Isto acontece devido à maturação do nosso cérebro e à nossa avaliação, num determinado momento, dos diferentes acontecimentos. Cada acontecimento poderá ser avaliado pela nossa mente como irrelevante (ausência de stress), acontecimento positivo (poderá ou não ocorrer a resposta de stress), ou acontecimento ameaçador ou perigoso (despoletar imediato de stress). O mesmo acontecimento, como já referido, pode ser avaliado de formas diferentes em momentos ou situações diferentes.

Desta forma é fundamental conhecermos os factores que agravam a sensação de stress. São eles a irritabilidade, o pensamento ruminativo, isto é, pensar constantemente na mesma situação e ficar a revivenciá-la vezes e vezes sem conta, sem qualquer motivo lógico ou prático, o isolamento social, a baixa auto-estima e claro, um estado físico ou psicológico mais debilitado e fragilizado.

Todos estes factores podem ser bastante comuns no nosso quotidiano, sem que possamos fazer nada para os evitar, por isso, devemos centrar a nossa atenção nos factores que nos ajudam a proteger o nosso organismo.

Uma forma bastante eficaz de combatermos o stress é sabermos que estamos a dar o nosso melhor em cada situação. O nosso empenho e esforço na realização das tarefas, ajuda-nos a controlar a ansiedade provocada pelas mesmas e a capacidade de nos desafiarmos a nós mesmos, a auto-confiança, tudo isso nos ajuda, quase sem nos apercebermos a dar a volta às situações mais complexas e a sentirmos um maior bem-estar perante as situações despoletadoras de stress. É importante identificar as reais causas da nossa sensação de stress e saber enfrentá-las.

Depois de entender a forma como nós funcionamos e reagimos e o que deveremos fazer para enfrentar as situações geradoras de stress, passamos então a uma fase de gestão, que nos vai permitir actuar de forma mais objectiva no problema e ensinar-nos a gerir o stress produzido.




Alguns conselhos para uma gestão mais eficaz de stress:



Reduzir o número de factores stressores. O ideal será diminuir a quantidade de situações geradoras de stress com as quais tem de lidar ao mesmo tempo. Aprenda a definir a importância de cada situação e a focar-se primeiramente naquelas que são mais importantes para si.



Moldar a apreciação dos elementos stressores. Será que aquela reunião que vai ter é assim tão importante? É possível que bem analisadas as coisas, algumas situações não sejam tão críticas como parecem à primeira vista. Assim, é aconselhável analisar friamente as diferentes situações que se colocam à sua frente e virá a descobrir que nem sempre tem motivos para se sentir tão ansioso.



Encontrar as estratégias adequadas para lidar com o stress. Este ponto depende grandemente do sujeito e cabe a cada um de nós encontrar as melhores estratégias para o seu caso específico. Estas estratégias podem passar pela procura de apoio social, aprender a gerir o tempo disponível para cada tarefa, levar uma vida mais saudável e regrada, frequentar sessões de meditação como forma de relaxamento, treinar a assertividade, exercer um controlo cognitivo sobre os seus níveis de ansiedade e claro, com vista a atingir estas ou outras estratégias, a ajuda de um profissional pode fazer toda a diferença e ajudá-lo a afastar de si esta epidemia do nosso século.



Publicado em:
Revista Ki – Nº14
Novembro de 2014



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