Quando pensamos em saúde, muitas vezes associamos imediatamente à ideia de hospitais, consultas e tratamentos. Contudo, a verdadeira sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde (SNS) poderá estar menos no ato de “curar” e mais na capacidade de “prevenir”.
Tratar a Doença vs Prevenir a Doença - qual o menor custo?
Apostar na prevenção é, antes de mais, uma questão de inteligência económica. Sim, leu bem.
Um tratamento hospitalar, sobretudo em casos de doenças crónicas ou em estádios avançados, implica custos elevados: internamentos prolongados, cirurgias complexas, medicamentos de uso contínuo e recursos humanos especializados. Já medidas de prevenção — como campanhas de promoção de estilos de vida saudáveis, rastreios regulares e programas de vacinação — exigem investimentos significativamente mais baixos e com resultados duradouros.
Tomemos como exemplo a diabetes tipo 2, muitas vezes associada a hábitos alimentares pouco saudáveis e ao sedentarismo. O tratamento da doença, ao longo da vida de um doente, representa um custo muito superior ao investimento em políticas de promoção da alimentação equilibrada e da atividade física desde a infância. O mesmo se aplica a doenças cardiovasculares, obesidade e até certos tipos de cancro, cujo risco pode ser reduzido com a adoção de medidas preventivas.
Ganhamos Todos
A prevenção gera benefícios que vão muito além das contas do SNS. Um cidadão saudável é mais produtivo no trabalho, falta menos dias por doença e participa mais ativamente na sociedade.
Em contrapartida, quando a doença já se instalou, os custos recaem não apenas sobre o sistema de saúde, mas também sobre a economia e sobre as famílias.
É Possível Não Ficar Doente?
Naturalmente, a prevenção não elimina a necessidade de tratamentos. Haverá sempre doenças imprevistas, acidentes e condições que exigem cuidados médicos avançados.
No entanto, se o foco for apenas o tratamento, estaremos constantemente a correr atrás do prejuízo. Ao contrário, apostar na prevenção é assumir uma visão estratégica: menos despesa futura, mais qualidade de vida e um SNS mais sustentável.
O SNS Não Muda Sozinho
No fundo, trata-se de mudar mentalidades. A saúde não deve ser encarada apenas como ausência de doença, mas como um estado de equilíbrio físico, mental e social. E para alcançar esse equilíbrio, é fundamental investir desde cedo em educação para a saúde, hábitos de vida saudáveis e políticas públicas que reforcem a prevenção.
O futuro do SNS poderá depender da forma como encaramos esta questão: queremos continuar a gastar recursos a tratar o evitável ou preferimos investir naquilo que realmente faz sentido — impedir que a doença surja?
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