quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Como uma ida ao dentista pode evitar problemas cardíacos?

 


Quando pensamos em dentista e saúde oral pensamos normalmente num sorriso branco e bonito, hálito fresco e uma estética impecável. No entanto, manter a higiene e saúde da sua boca é muito mais do que isto e tem um impacto bem maior na sua vida.

A boca está ligada aos órgãos do corpo através da corrente sanguínea. Assim, as bactérias que provocam as cáries facilmente se espalham, acabando inevitavelmente por chegar ao coração e gerar diversas patologias.

A sua boca é uma porta de entrada para agentes patogénicos

O corpo humano é uma entidade muito complexa e funciona pelo meio da interação entre todos os seus órgãos. Nenhuma parte pode ser pensada sem considerar as interações que tem com o todo. Desta forma, a nossa boca vai comunicar com os restantes órgãos, neste caso específico com o coração, por meio de fluidos.

O problema é que a nossa boca é a principal porta de entrada para bactérias e outros microorganismos patogénicos, que irão circular através do sangue e alojam-se, maioritariamente, no tecido que reveste o coração - endotélio. Assim, a nossa boca precisa de cuidados extra de higiene para nos mantermos saudáveis.

A doença cardíaca

O Instituto do Coração estima que 36% das mortes derivadas de problemas cardíacos e 45% das doenças cardíacas têm origem em problemas da boca - cáries profundas, gengivas inflamadas, abcessos…

Num paciente com imunidade baixa, devido à idade ou outras doenças, isto torna-se um problema ainda maior. O seu corpo não luta eficazmente contra os agentes patogénicos invasores e pode, com alguma facilidade, desenvolver um quadro de endocardite bacteriana - infeção que afeta o revestimento interno do coração.

No entanto, estas bactérias podem provocar mais do que infeções. A sua disseminação na corrente sanguínea pode levar ao acumular de gordura nas paredes das artérias, prejudicando o natural fluxo sanguíneo, para além de colonizarem potenciais válvulas do coração já danificadas ou enfraquecidas. Com o tempo, isto poderá traduzir-se em aterosclerose, arritmia, ou acidentes vasculares cerebrais.

Os mais vulneráveis

A doença da boca é sempre um risco, mas naturalmente, que os pacientes que exibem problemas crónicos, como gengivite ou doença periodontal são os mais vulneráveis ao desenvolvimento dos problemas cardíacos. Maus hábitos de higiene são o principal fator de risco.

Naturalmente, o paciente que já tem questões do foro cardíaco é umas das principais vítimas, especificamente más formações de válvulas ou próteses nas mesmas. Estes pacientes têm maior probabilidade de desenvolver Endocardite Bacteriana, que pode, no pior cenário, ser fatal. A estes pacientes é exigido cuidados recobrados com a saúde oral, e nalguns casos aconselha-se mesmo a toma de antibióticos antes de determinadas intervenções para prevenir que as bactérias se instalem na região cardíaca.

Sintomas e Sinais

A patologia ao nível da boca não se restringe apenas às cáries. Há outros sinais de que algo não está bem e que são tão responsáveis pelo desenvolvimento de doença cardíaca como as cáries.

A gengiva avermelhada, por vezes a sangrar, mau hálito frequente ou qualquer sinal de infeção são alertas importantes, assim como o amolecimento de alguns dentes. Se detetar qualquer um destes sinais, deve dirigir-se imediatamente ao seu dentista.  

Uma nova visão no cuidado do coração

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o mundo. Cerca de um terço das mortes anuais devem-se a elas, por isso a prevenção está na ordem do dia.

A forte correlação entre a doença cardiovascular e a saúde oral dá-nos uma nova perspetiva sobre os cuidados com o coração, que não deve ser, de todo, ignorada. O nosso corpo funciona como uma máquina perfeita e qualquer peça defeituosa põe em causa o correto funcionamento do todo.  


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