Observámos recentemente uma corrida desenfreada às farmácias em busca da vacina para protecção contra a Meningite W, provocando ruptura de stock da mesma. O pânico alastrou em muitos pais quando notícias do aumento de casos deste subtipo da doença chegaram à comunicação social. Terá todo este alarido razão de ser?
Meningite - principais preocupações
A meningite é uma inflamação das meninges (membranas protectoras do cérebro e espinal medula) e pode ocorrer devido a uma larga variedade de factores.
Por ser uma doença grave, com elevada mortabilidade e morbilidade, a meningite é vista com muito receio entre a generalidade da população. Facilmente transmissível de pessoa para pessoa, através de gotículas de saliva ou secreção expelidas ao falar, tossir, espirrar ou beijar, é uma das principais preocupações de pais de crianças pequenas.
Apesar de existirem várias recomendações no sentido de prevenir a doença, apenas a vacinação é realmente eficaz na hora de evitá-la. Dados governamentais relativos ao subtipo C demonstram bem este facto. Em 2002 foram diagnosticados 78 casos de Meningite C em Portugal. Em 2006, a vacina para combater este subtipo entrou para o Plano Nacional de Vacinação e em 2010 foram diagnosticados apenas 6 casos.
Nimenrix - Sim ou Não?
Esta palavra, recentemente entrada no vocabulário da população geral é o nome da vacina que nos protege da Meningite W. Não havendo uma resposta absoluta à questão “Devemos ou não dar a vacina aos nossos filhos?”, alguma informação poderá ser útil na altura da decisão.
Em primeiro lugar, é importante saber que existem 12 subtipos ou serogrupos da doença, sendo que os mais comuns são o A, B, C, W e Y. A vacina Nimenrix fornece protecção contra os grupos A, C, W e Y.
Muitas pessoas se questionam actualmente porque a dita vacina não se encontra no Plano Nacional de Vacinação. É importante compreender que estamos a falar de um total de 8 casos numa população de cerca de 11 milhões de habitantes, o que não coloca a doença como uma ameaça à saúde pública.
Faz sentido a corrida à vacina?
Independentemente da sua escolha em relação à administração da vacina, nada parece justificar a corrida desenfreada à mesma. O aumento de casos relatado na comunicação social, apesar de estatisticamente significativo (60%), quando traduzido em números reais dá-nos uma perspectiva bem diferente: tivemos um aumento global de 5 para 8 casos.
Outro dado a ter em conta na hora de correr à farmácia é que todos os casos relatados ocorreram em adultos e não em crianças, pelo que não estamos em perigo de surto eminente em creches e infantários, como alguns pais em pânico acreditam.
No entanto, as estatísticas valem o que valem e nunca sabemos se seremos nós o caso num milhão. É de referir que existem alguns factores que se revelaram de maior risco para a aquisição da doença:
- ter menos de um ano
- ter o sistema imunitário em baixo
- ter entre 16 e 23 anos
- haver um surto da doença na comunidade
A opinião dos pediatras
Estamos numa fase de desenvolvimento enquanto sociedade em que muitos de nós queremos estar protegidos de tudo, enquanto alguns grupos se recusam a vacinar os filhos. Estas ideias contraditórias geram diversos conflitos e, muitas vezes, são a base para situações de pânico desnecessárias
A vacina Nimenrix não esgotou apenas em Portugal, mas em praticamente todos os países onde é comercializada. Estaremos a exagerar na preocupação?
Na sua generalidade, os pediatras são a favor da vacinação. Apesar de rara, a doença apresenta uma taxa de mortalidade entre os 10 e 15% e sequelas permanentes em 20 a 25% dos pacientes. Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, estamos a falar de uma taxa de mortabilidade muito superior à apresentada pelo sorotipo mais frequente - Meningite B - que se situa nos 7%.
Ponderando todos estes dados, a vacinação parece ser uma boa opção, mas provavelmente, não será necessário todo o pânico e corrida desenfreada às farmácias que se verificou.
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