quarta-feira, 29 de julho de 2020

Espinha Bífida: da prevenção ao tratamento



Apesar dos números terem vindo a diminuir na última década, a espinha bífida ainda é uma das mais temidas más formações do feto. Consiste num defeito na formação do tubo neural, que se traduz num fechar defeituoso da coluna vertebral com graves consequências para a criança.

Esta anomalia desenvolve-se nos primeiros meses de gestação. Actualmente, pode ser detectada de forma relativamente fácil atráves de uma das ecografias trimestrais obrigatórias durante a gestação.

Existem dois tipos do problema: oculta (quando as anomalias estão cobertas por pele, aparecendo apenas sinais subtis, como hiperpigmentação ou tufos de cabelo na área) e cística, onde se verifica a existência de uma bolsa saliente. O facto de estar a descoberto e sujeito a todo o tipo de infecções torna a cística mais preocupante e com maiores comorbilidades associadas. 




De origem multifactorial


Quando surge alguma doença ou má formação num feto, o primeiro instinto de qualquer um de nós é perguntar porquê. Conhecer os motivos pelos quais algo acontece é fundamental para evitar que volte a ocorrer.

No caso da espinha bífida, muitos estudos já foram feitos e não podemos atribuir-lhe uma causa específica, mas sim múltiplos factores que propiciam a sua ocorrência.

  • Deficiência de ácido fólico - Já há muito reconhecida com um factor fundamental, a deficiência de ácido fólico é agora combatida pela toma desde o início da gravidez (ou até 3 meses antes se fôr uma gravidez planeada) de um suplemento adequado.
  • Medicação durante a gravidez - Durante os nove meses da gravidez, são várias as situações que poderão levar a gestante a tomar medicação. Esta medicação deve ser feita de modo cuidadoso e SEMPRE segundo orientação médica. Há diferentes medicamentos com responsabilidades neste problema.
  • Hereditariedade - Não podemos ignorar o papel da hereditariedade nas diversas más formações ocorridas durante a gestação.
  • Diabetes da mãe - Vários estudos apontam para que a presença de diabetes na mãe aumente a possibilidade de problemas na formação do tubo neural.

Complicações e limitações da Espinha Bífida


Encontram-se associadas à espinha bífida uma série de complicações com vários níveis de gravidade ou incapacidade. Este impacto está em grande parte relacionado com o local e a dimensão da malformação, bem como a sua exposição ou revestimento. Algumas das alterações menores podem mesmo ser assintomáticas. 

Impacto neurológico


A nível neurológico, a espinha bífida pode resultar em paralisia e sensibilidade abaixo da zona da lesão em diferentes graus. 

A hidrocefalia, muitas vezes associada, pode resultar em hipertensão craniana.

O doente pode ainda debater-se com dificuldade em engolir e apneia.

Impacto Ortopédico


A nível ortopédico, a criança pode sofrer de atrofia dos membros inferiores e diversos problemas de coluna que podem culminar em escoliose.

Impacto Urológico


A hipofunção da bexiga é uma consequência frequente da espinha bífida. A mesma pode provocar refluxo urinário, que em última análise poderá dar origem a lesões renais. 

Tratamento


Não há um tratamento efectivo para a espinha bífida, excepto talvez, a cirurgia, muitas vezes realizada ainda dentro do útero materno. Para além da cirúrgia, a fisioterapia é uma opção importante.

A fisioterapia tem como objectivo promover a independência da criança, prevenir contraturas e deformidades, bem como ajudá-la a controlar os músculos da bexiga e dos intestinos.

Prevenir é a melhor opção


A prevenção é uma área da saúde que ainda não tem o investimento que merece. No entanto, para a espinha bífida, não há melhor opção. O consumo de níveis adequados de ácido fólico na gravidez (cerca de 4000mg diários) e meses anteriores à mesma mostrou-se uma das formas mais eficazes para prevenir esta malformação do feto.