sábado, 28 de julho de 2018

Doença de Crohn: quando o nosso corpo não colabora

A Doença de Crohn é uma doença crónica inflamatória do intestino. De causa desconhecida, alguns estudos apontam para que seja uma reacção imunológica à presença de algum factor como uma bactéria ou virus. É uma doença imprevisível, que evolui por surtos e o stress tem um papel preponderante no agravamento de sintomas.


Crohn em números

A doença de Crohn pode afectar qualquer idade, mas o início dos sintomas ocorre geralmente em pacientes jovens (antes dos 30 anos). Apesar de ser considerado que afecta em igual proporção homens e mulheres, alguns estudos indicam uma incidência ligeiramente maior no sexo feminino.

A hereditariedade parece desenvolver um papel importante, as estatísticas apontam para que, em grande parte dos pacientes, haja um familiar próximo com uma doença inflamatória do intestino.

Em Portugal, a incidência da doença parece ter vindo a aumentar nos últimos anos e estima-se que, actualmente, 73 em cada 100 000 habitantes seja portador da doença.


Factores de Risco

Como referido anteriormente, a história familiar é um factor de risco importante na doença de crohn, da mesma forma que a idade e os pacientes entre os 16 e 40 anos devem estar especialmente atentos aos sintomas.

O tabagismo também tem sido referido como um factor de risco para o Crohn, demonstrando que as pessoas com hábitos tabágicos têm maior propensão para o desenvolvimento da doença.

Por fim, o local onde habitamos tem se revelado um facto de risco para as mais variadíssimas doenças e o Crohn não é excepção, verificando-se um maior número de casos em populações residentes nas zonas urbanas de países industrializados.


Sintomas e Sinais de Alarme

Os sintomas associados à doença de Crohn podem ser variadíssimos, consoante a pessoa e as circunstâncias da sua vida, no entanto, há um grupo de sintomas, mais comuns e que devem ser tidos em conta como sinais de alarme.

Os sintomas mais comuns são a diarreia, que pode ocorrer de forma sistemática ou intervalada com momentos de grande obstipação, dor abdominal/cólicas e a perda de peso associada à falta de apetite. 

Outros sintomas que são também frequentementes encontrados nestes pacientes são as dores articulares, lesões na pele sem explicação aparente, lesões na zona perianal, fadiga e enfraquecimento, associadas à dificuldade de absorção dos nutrientes, normalmente realizada pelo intestino.


Complicações associadas

A doença de Crohn é uma condição crónica e sem cura, que deve ser vigiada por um especialista, pois as complicações da falta de cuidado podem ser muito graves ou até fatais.

Pode ocorrer uma oclusão intestinal, tratada através de procedimento cirúrgico. Úlceras e fístulas são comuns em qualquer zona do tubo digestivo (incluindo o aparecimento de aftas na boca).

A osteoropose e anemia podem também acompanhar a doença, que aumenta o risco de cancro do cólon.

O aumento de quadros inflamatórios é notório, especialmente na pele, olhos, articulações, fígado ou vias biliares.

Em última instância, pode ocorrer uma situação de perfuração ou rutura do intestino.



A doença de Crohn não tem cura, no entanto, não deve ser motivo para desesperar. Os tratamentos médicos que existem actualmente providenciam aos doentes um bom controlo dos sintomas e a possibilidade de levar uma vida normal.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

O diagnóstico arrasador da Esclerose Múltipla

A esclerose múltipla é uma doença crónica, inflamatória e degenerativa que afecta o Sistema Nervoso Central. De causa desconhecida, surge geralmente em jovens adultos (entre os 20 e os 40 anos) e afecta principalmente as mulheres.

Vários estudos têm sido feitos com o objectivo de determinar as causas e factores de risco da doença, até agora, sem grande sucesso. A EM não é uma doença contagiosa e todos os estudos realizados apontam para que não seja uma doença de transmissão hereditária.

Em Portugal estima-se que afecte 8000 pessoas.




O diagnóstico destrói

Saber que se tem uma doença crónica é sempre um choque. No caso da EM, normalmente, estamos a falar de um cenário de longos meses, ou até anos, de sintomas, visitas recorrentes ao médico, até que um diagnóstico acurado seja feito.

Sendo uma doença altamente incapacitante e sem cura, os doentes, ainda muito jovens, sentem que lhes atiraram à cara a destruição de todos os sonhos de uma vida.



Sintomas

Os sintomas da doença falam por si só, na hora de compreender porque é tão devastadora. Afectam diferentes partes do corpo e com diferentes intensidades.


Fadiga e perda de força muscular - A fadiga é um dos sintomas mais frequentes, ocorre em determinados períodos e pode durar meses. Também é frequente a perda de força muscular nos braços e pernas, muitas vezes, só de um lado do corpo. Esta alteração da força muscular pode ir de apenas uma redução da destreza até à paralisia.


Problemas de visão - A visão pode ser afectada em episódios de visão dupla (bastante frequente nos pacientes com EM) e, por vezes, dá-se uma inflamação do nervo óptico (neurite óptica) que se traduz em visão turva e embaciada, com dor associada ao movimento ocular.


Alterações de sensibilidade e dor - Muitos doentes com EM queixam-se de dormência nos braços e/ou pernas, bem como, formigueiro ou picadas. A dor também pode fazer parte do quotidiano destes doentes. Esta pode ser de vários tipos e intensidades, mas o mais comum é ocorrer nor nervos da face.


Equilíbrio e coordenação - A EM afecta o cerebelo, zona do cérebro responsável pelo equilíbrio, pelo que os doentes podem encontrar dificuldades em caminhar ou em utilizar correctamente objectos pequenos que exijam maior capacidade de motricidade fina.


Alterações dos esfíncteres e problemas sexuais - Estes são os sintomas menos falados da EM, talvez por serem um assunto mais delicado para a maioria das pessoas. A nível de esfíncteres poderá haver, especialmente em fases mais avançadas uma maior dificuldade de controlo dos mesmos, embora o mais comum seja dificuldade em esvaziar por completo a bexiga.

A nível sexual podemos encontrar problemas de várias ordens, de acordo com o género do paciente. Os homens poderão ter dificuldade em manter a erecção, enquanto as mulheres queixam-se mais frequentemente de perda de sensibilidade ou dor na penetração.


Alterações cognitivas - Dificuldades de concentração e raciocínio podem ser encontradas nos pacientes com EM, bem como, por vezes, algumas dificuldades com a memória recente.


Alterações do Humor - É muito frequente encontrar nestas pessoas quadros de depressão, normalmente como reacção psicológica à doença.



Para maior informação e ajuda…

O diagnóstico de esclerose múltipla, especialmente em estágios tão jovens da vida é devastador, mas não tem de ser o fim. Em Portugal, existem duas instituições que podem ajudá-lo a enfrentar as dificuldades e encontrar estratégias para manter a sua qualidade de vida:



sábado, 14 de julho de 2018

Artrite Reumatóide - mobilidade dolorosa

A artrite reumatóide é uma doença reumática inflamatória, auto-imune e de causa desconhecida, sendo a forma mais comum de artrite. Actua maioritariamente sobre as articulações (especialmente os punhos e os dedos) e pode, por isso, ser extremamente incapacitante.



Os principais sintomas desta doença dão a dor, muito frequente no período nocturno, interrompendo o sono, edema ou inchaço, rigidez, especialmente pela manhã e perda da função das articulações. Apesar disso, muitos doentes revelam formas mais atípicas das doenças, havendo alguma variação nos sintomas demonstrados (por exemplo, febre baixa, cansaço, muitas vezes com uma anemia associada), bem como na sua intensidade.


Estatísticas

A Artrite Reumatóide está longe de ser uma doença rara e pode ocorrer em qualquer idade, embora seja mais frequentemente encontrada após os 45 anos. 

As estatísticas mais recentes apontam para que a prevalência da doença em Portugal seja de cerca de 1% da população e é indiscutivelmente mais frequente no sexo feminino (cerca de 75% dos doentes são mulheres).


Complicações

A artrite reumatóide é uma doença complexa e com elevado nível de morbilidade, visto que pode limitar os mais básicos gestos diários, como abrir uma porta ou calçar um par de sapatos.

No entanto, há outras complicações que podem advir desta inflamação e que devemos ter em conta. São elas a pleurite e a pericardite, quando a inflamação atinge o revestimento dos pulmões e do coração, respectivamente.

É importante lembrar que, quanto mais precoce for o tratamento, mais se retardará a destruição articular.


Convivendo com a Artrite Reumatóide…

Sendo uma doença altamente incapacitante, é importante que cuide de si todos os dias e apesar de não ser fácil, mantenha um pensamento positivo, que o ajude a lidar com os momentos difíceis, para evitar o risto de desenvolver estados depressivos e de ansiedade. Aqui ficam algumas dicas que o podem ajudar.

Oiça apenas o seu médico - Diz o povo que de médico e de louco, todos temos um pouco, mas evite seguir conselhos que não sejam do seu médico reumatologista. Apesar das boas intenções, muitas vezes, os palpites alheios provocam ansiedades e expectativas desnecessárias e não melhoram em nada a condição física do doente.

Não ignore os sinais do seu corpo - É muito difícil ver aquela pilha de roupa a acumular-se e não ir passá-la a ferro? Vai ter de aprender. Preste atenção aos sinais do seu corpo, se não dá para fazer agora, faz depois.

Carpe Diem - Planos não cumpridos geram stress e ansiedade. Evite fazer grandes planos, viva um dia de cada vez.

Visite a ANDAR - Conviver com pessoas que enfrentam os mesmos problemas que nós, não só é bom psicologicamente, como muitas vezes nos ajuda a encontrar novos processos e mecanismos nos quais nunca tinhamos pensado. A Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatóide pode ser uma boa ajuda para si.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

6 Benefícios do Sol para a Saúde


Com o aumento dos casos de cancro de pele e outros problemas derivados de uma incorrecta exposição solar, o Sol é muitas vezes visto como um vilão, mas a verdade é que a exposição solar, quando feita com as devidas precauções, é muito importante e benéfica para a nossa saúde.


1. Vitamina D

Este é, talvez, o benefício mais amplamente discutido e estudado pelos cientistas. O sol é uma fonte inesgotável de vitamina D, que por sua vez é fundamental para a saúde do nosso corpo.

A vitamina D é responsável pela sintetização e absorção do cálcio, pelo que se torna indispensável no nosso organismo e ajuda-nos a prevenir a tão assustadora osteoporose. Para além disso, ajuda a prevenir outra doenças, como a diabetes ou doenças cardíacas.

Devido à redução do efeito de transformação das células é ainda uma boa ajuda na prevenção de certos tipos de cancro (especialmente do cólon, útero, mama e próstata).

A Vitamina D ajuda-nos ainda na regulação do nosso sistema imunitário podendo ser uma arma na prevenção de doenças auto-imunes, como a artrite reumatóide, doença de Crohn ou ainda, esclerose múltipla.


2.Combate a depressão e ansiedade

A exposição solar é uma boa ajuda para a sua saúde mental pois aumenta os níveis de serotonina no cérebro, o neutransmissor responsável pela regulação do humor.


3. Maior qualidade de sono

O sol tem um efeito benéfico e muito importante na regularização do ciclo do sono, diminuindo assim, os episódios de insónia.


4. Activa a circulação sanguínea

Os efeitos a nível da circulação são fundamentais, pois a exposição solar aumenta a concentração de glóbulos vermelhos, responsáveis pelo transporte do oxigénio no sangue. Para além disso, ajuda a reduzir a tensão arterial.


5. Estimula o sistema endócrino

Muitas vezes, o nosso organismo falha na absorção dos nutrientes contidos na nossa alimentação. A estimulação do sistema endócrino vai ajudar a facilitar essa tarefa.


6. Menos acne

Conhecido por ser um problema de adolescentes, a acne pode afectar qualquer pessoa, em qualquer idade. O sol tem um efeito poderoso em várias doenças de pele, como a acne, psoríase, eczema e infecções por fungos.




Não se esqueça!

Os benefícios do sol só podem ser realmente aproveitados quando a exposição é feita de forma correcta e saudável. Assim, evite a exposição solar entre as 11 e as 16 horas e use sempre protector solar, mesmo em dias nublados.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

A influência do clima na saúde mental: como enfrentar os dias cinzentos



Apesar do Verão ter oficialmente chegado, os dias continuam cinzentos e, às vezes, chuvosos e isso parece afectar o nosso humor e o das pessoas à nossa volta. Todos nós já nos sentimos mais desanimados ou com pouca energia num dia de chuva e frio. Muitas vezes, nem apetece levantar da cama, mas sim ficar deitado a ouvir o som da água a bater nos vidros.


Isto pode parecer algo muito pessoal mas na verdade é uma reacção comum e já foram feitos vários estudos científicos que visam compreender a relação entre o clima e o nosso humor.


A alegria da Primavera

A Primavera é, sem dúvida, a estação do ano em que a generalidade das pessoas parecem alegres. Os dias estão, geralmente, amenos, temos maior vontade de ir para a rua, conviver e sentimo-nos melhor, revigorados e com mais energia.

Um estudo publicado no MIT Technology Review, realizado entre os anos de 2009 e 2016 demonstrou que os dias de sol melhoram o humor, na sua generalidade. Enquanto que, os dias frios apelam mais ao recolhimento e isolamento, o que pode trazer alguns sentimentos depressivos. Vários estudos focam-se nos elevados índices de depressão nos países nórdicos, tendo como principal hipótese para o fenómeno as poucas horas de sol e o clima frio.

Por outro lado, o excesso de calor, apesar de não nos fazer sofrer tanto com as tendências mais depressivas, também não parece ser o mais adequado para o equilíbrio emocional do ser humano, pois estimula a agressividade. 


De que forma é que o clima influencia o nosso humor?

As explicações podem ser dadas tanto ao nível físico como psicológico. Do ponto de vista físico e biológico, a exposição à luz solar traz inúmeros benefícios. Estimula a produção de Vitamina D, essencial à nossa saúde, bem como a produção de serotonina, dopamina e melanina, que proporcionam bom humor, energia e regulação dos ciclos do sono.

Por outro lado, do ponto de vista psicológico e sendo o ser humano um ser social, a maior tendência para sairmos à rua e socializarmos nos dias de sol, vai proporcionar mais bom humor e bons momentos passados com os amigos, ao invés de nos fechar-nos em casa com os nossos problemas.


Como combater a tristeza dos dias cinzentos 

Apesar de tudo, não devemos subjugar-nos ao cinzento dos dias, sem combater o sentimento de tristeza e desolamento que estes nos provocam.

Alguns truques podem ser essenciais para o ajudar a ultrapassar os Invernos mais rígidos e as Primaveras ou Verões mais chuvosos.

Alimentação - A alimentção tem um papel fundamental no nosso bom humor, embora nem sempre lhe demos o devido valor. Para que a chuva não o entristeça procure consumir mais produtos de origem vegetal e integrais.

Exercício Físico - O exercício físico aumenta a produção de endorfinas que o ajudam a sentir-se bem. Procure fazer algum exercício, quem sabe algum desporto ou actividade típica de Inverno. 


Ciclo de Sono - Dormir bem é fundamental para nos sentirmos bem. Procure deitar-se cedo, de modo a dormir 7 a 8 horas por noite. Se tem dificuldade em adormecer, largue o telemóvel e pegue num livro. Dormirá melhor.

Vestuário - A forma como nos vestimos influencia e muito o nosso humor. No Inverno há uma maior tendência para roupas mais simples, de cores escuras ou neutras. Experimente vestir umas roupa coloridas e colocar alguns acessórios.