Em Portugal, o número de pessoas idosas tem vindo a aumentar todos os anos e estão cada vez mais à parte do resto da sociedade. Abandonados e esquecidos pela família, a depressão tem vindo a crescer desenfreadamente nos nossos idosos e este ciclo parece não ter à vista.
Estatísticas
Actualmente, estima-se que cerca de 15% da população idosa apresente sintomas de depressão, sendo que 2% tem depressão grave.
Ao contrário do que o senso comum poderia indicar, esta é, actualmente, a patologia mais comum na terceira idade.
Reconhecendo a Doença
A condição do idoso dificulta muito o reconhecimento da doença por parte de terceiros e isso leva a que a maior parte das pessoas acabe por não usufruir da possibilidade de tratamento adequado. Os preconceitos em relação às dificuldades físicas e problemas mentais, que ocorrem geralmente numa fase mais tardia da nossa vida, faz com que a maioria dos sintomas sejam atribuídos à idade e por isso, desvalorizados.
O desânimo, tristeza, falta de apetite entre outros, são sinais a ter em conta, mas, por outro lado, a depressão pode manifestar-se através de alguma agitação ou agressividade, e se verificarmos que, estes sintomas duram várias semanas, a pessoa deve ser conduzida a um médico para efectuar uma avaliação.
O doente depressivo pode ainda sofrer de tremores nas mãos, palpitações ou sudorese e por isso, haver uma certa confusão com outras situações clínicas.
Será demência?
A Demência, a par com a Depressão, é uma das doenças mais frequentes nas faixas etárias mais tardias e algumas queixas do doente deprimido, como perdas de memória ou dificuldades na realização de funções cognitivas, poderão levantar esta dúvida. O diagnóstico diferencial deverá ser feito por um profissional especialista no assunto.
Ainda assim, há diferenças que poderão ser mais facilmente percepcionadas pelos familiares do idoso. A Depressão tem um início bem demarcado, enquanto que a Demência chega “devagarinho” e muitas vezes não somos capazes de dizer quando começou, pois os primeiros lapsos de memória e “enganos” não são imediatamente detectados.
As queixas de perdas cognitivas ocorrem após já estar instalada a sintomatologia depressiva e denota-se pouco esforço durante a aplicação do exame neuropsicológico, que poderá ser, eventualmente, detectada em outras situações do dia a dia, onde o idoso parece, simplesmente, “não se esforçar”. Os sintomas parecem estar associados a alguma crise mais ou menos recente na vida do idoso.
Enfrentando o Problema
Uma das principais formas de enfrentar o problema é através da medicação anti-depressiva, no entanto, esta pode ter efeitos secundários graves e por isso, deve ser administrada com muito cuidado. Para além disso, a abordagem psicológica é fundamental para termos efeitos reais para o paciente.
Muitas vezes, o quadro depressivo surge como consequência da incapacidade do idoso de aceitar esta nova fase da sua vida, considerando que já não é capaz de fazer uma série de coisas e passa a sentir-se excluído, rejeitado e muitas vezes, até inútil. É importante ajudá-lo a encarar o envelhecimento como uma parte natural do ciclo da vida e não como uma espécie de fardo ou de “fim de linha”.
Ao longo da vida, somos ensinados a criar os nossos projectos e objectivos tendo em vista a nossa juventude, dando a ideia de que a velhice é o “fim” e já nada pode ser feito. Como é óbvio, isto não é verdade. Assim, incentive os seus familiares mais idosos a terem os seus próprios objectivos, ocuparem-se, criarem alguma coisa de que gostem. As obrigações laborais acabaram com a chegada da reforma, agora está na hora de se dedicarem ao que realmente gostam, já que a maioria das pessoas não teve oportunidade de fazê-lo anteriormente na vida.
Ocupar a mente e sentir-se útil é fundamental para ultrapassar a depressão e (re)aprender a viver em paz e harmonia consigo mesmo.
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